Burros e elefantes

Recebi um lindo postal, à laia de postal de Natal pintado pelo pé direito da Sr.ª X, em que me convidam a participar no Election Night Watch na residência do embaixador norte-americano. Aliás o saudoso Palmer fez as malas e já voltou ao Texas natal sendo que o anfitrião é agora uma anfitriã, a fazer de conta.
No convite não falam em morfes. Acho que não vou.

Participei numa conferência cujos oradores, audiência, comentadores e até um cão que por lá andava eram portugueses.
Hoje ao ler as minha notas fiquei com dúvidas. Tinha lá escrito coisas como bench mark, stakeholder, drivers, stokeholder, monitoragem, corporate governance, scope (ou antes, ele disse mesmo scopo!), top down, learn by doing, lead by example, report, accountability, etc.
Mas que é isto??? Onde está o português lindo, perfeito, organizado que pacientemente copiavamos nos cadernos de duas linhas...? Porque não traduzimos e utilizamos estas coisas feias em português...? Porque não somos criativos como os brasileiros ou os espanhóis e adaptamo-las para português...?
Do mal o menos, o almoço estava óptimo e a Arrábida deslumbrante! :)

Update

Há já algum tempo que regressei de férias. Aliás foram só alguns dias e já voltei ao trabalho há imenso tempo. Mas não tenho tido nem tempo nem assunto para actualizar os meus ovos.
Fui a Serralves e cada vez mais admiro aquela senhora. Aproveitámos para espreitar outros trabalhos e fomos simpaticamente convidados a nos sentarmos nuns pufs colocados no centro de uma sala onde estavam colocadas 4 colunas. O som que saia destas eram ronrons de gatos. Onze, acho eu. Em melodia ou isso... muito interessante!
O meu Ralph anda a fazer cultivo de cristais na bexiga. Cristais! Se fosse ao menos diamantes sempre ajudava a pagar a consulta e a ração Struvite Urinary Formula 'que se vende exclusivamente nos veterinários'.
A minha irmã e o namorado estiveram por cá e já voltaram a casa. São tão giros os dois.
A minha amiga A. vai para o Congo numa missão da ONU porque lá onde ela vive não há jornais nem televisão e não sabe ainda que os trabalhadores humanitários são apenas escudos humanos. E carne fresca para os terroristas.
E detesto domingos em que não passam tragédias hollywoodescas na televisão. Como eu adoro ver vulcões, terramotos, meteoros e maremotos a dizimar milhões e no fim o mundo unido nos agradecimentos aos simpáticos e competentes americanos. Sei lá, inspira-me, prepara-me para uma boa semana de trabalho. Ai...

P.S.: Patricia, parabéns pelo aniversário (atrasados, shame on me) e pela casa!

Finalmente, vou vegetar! Porque mereço! Até ao meu regresso! :)

Numa esplanada em Lisboa, janto com um amigo norte-americano. Falamos de diferenças culturais, da família, do Rushdie, dos namorados, dos planos para o futuro.
Inevitavelmente começamos a falar das eleições que se aproximam no seu país, da guerra no Iraque, do desemprego. Na probabilidade do Bush voltar a ganhar a presidência, ainda que não vença as eleições. E no desinteresse total da maioria da população norte-americana em relação a tudo o que se passa fora do seu quintal.

Conto-lhe a minha experiência no ano passado, o meu encontro de 3º grau com as gentes de Boisie, Ohio. E do descobrir, in loco, que a maioria dos norte-americanos que conheci não sabia nada de nada.

Vai daí ele decide confessar-me um episódio que se passou com a sua mãe. Quando ele vivia na Bulgária ligou à mãe a contar que tinha mudado de casa e que iria partilhá-la com um canadiano e uma inglesa. Ao que a mãe lhe perguntou, obviamente preocupada, 'e eles falam americano?'.

Pois... calei-me, engoli as ovas, empurrei-as com vinho e decidimos falar do tempo.