quinta-feira, dezembro 28, 2006

Balanços

Não sou lá muito fã de balanços. Não tenho por hábito reflectir sobre o que quer que seja. Se aconteceu algo bom, conto-o inúmeras vezes e depois esqueço. Se for algo mau, também o conto inúmeras vezes, fico muito irritada, transformo o assunto em obsessão e depois esqueço.
Admiro, a sério que sim, as pessoas que meditam, que têm a enorme capacidade de fechar-se em si próprios e meditar. Sobre o que meditam, não sei, até tenho medo de perguntar.
Comigo é mais, toca a andar que se faz tarde!
Mas este ano decidi fazer um balanço. Para a posteridade. Porque foi um ano estranho. Aquela revista francesa tinha razão: foi um ano de mudanças. De capítulos encerrados.

Foi o Ano do Bicho: da nuvem de borboletas, mosquitos e aranhas na praia; durante os quatro meses de Verão consegui ter sempre as pernas picadas e marcadas pelos sugadores do sangue alheio; e conseguiu ainda a proeza de apanhar uma doença que ninguém tem, fechando o ano com o corpo coberto por pequenos ácaros que me fazem comichão nos sítios mais impróprios nos lugares mais estranhos...
Foi também o Ano das Gatas: a Juju e a Pamy transformaram-se em duas estrelinhas e deixaram-nos. A Juju em Junho e a Pamy apenas um mês depois, em pulgas estava por saber onde andaria a mãe. Em Setembro, adoptamos a Mimi a quem muitas vezes chamo Juju ou Pamy. Consegue ter o charme da Pamy e a avidez da Juju. Foi uma bela escolha.
Foi ainda o Ano do Espírito Se Gostarem De Mim Óptimo, Se Não, Quero Lá Saber!". Durante anos o meu maior receio era não ser aceite por amigos de amigos, parentes afastados, colegas de trabalho. Finalmente, e muito tarde também, lá aceitei o facto de à semelhança de Woody Allen, por muito interessantes que sejamos nunca conseguimos agradar a todos. Adiante!
Ano das Exclusões Familiares: já tenho uma, a minha e basta-me. Não me ralo nem quero saber das famílias de outros, com o que pensam, com o que querem. Especialmente sogras....

E assim acaba 2006. Venha outro!

quarta-feira, dezembro 27, 2006



Acabou! Viva!

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Ando desde o princípio do mês a fazer voluntariado numa associação, a embrulhar presentes em troca de um donativo. Por acaso até é para a associação em que trabalho e os donativos são para os nossos magros salários.
Mas tem sido divertido. O atendimento ao público é das coisas mais fascinantes que existem, as pessoas que por lá passam, os comentários que fazem (e o dinheiro que deixam), fascinam-me. E por vezes também me cansam.
Estamos a embrulhar os livros numa livraria num centro comercial.
Para mim é o que melhor se aproxima do conceito de cusca: ver os livros que as pessoas compram para oferecer, as escolhas, o designar que este é para a Maria e aquele para o Manel.
O Sparks tem sido, de longe, o mais vendido. Também a fininha obra de Saramago vendeu-se bem no princípio do mês. Os codexs, as vidas privadas de senhoras da Corte, a santa vidinha dos papas e tudo o que seja teoria de conspiração relacionada com a igreja também tem tido muita saída. O livro do injustiçado, do coitadinho do PSL, também se vendeu bem na primeira semana, e por pouco me recusava a gastar papel e fita. Os contos de Sophia também saíram bem no princípio do mês.

Mas nada ou ninguém bate a Carolina (excepto talvez o ex-namorado), de cabelinho ensebado apanhado num rabo de cavalo, de cruz ao peito e sorriso pio. Em 6 horas contei 20 livros, só para oferecer, fora os que são para consumo próprio. Havia quem os comprasse aos pares "para embrulhar em separado e faça um laço bonito se faz favor". E as mulheres que entram aflitas na livraria e perguntam "tem o livro da Carolina?" como se não houvesse amanhã. Na primeira vez que me perguntaram pensei que fosse uma biografia da Carolina de Mónaco (aqui sim! esta é que seria a verdadeira história de tráfico de influências, drogas e orgias. Mas com muito mais charme!), depois habituei-me e limitava-me a apontar para a segunda pilha de livros à entrada. E os comentários, "já viste que até nem é muito caro? Para o que ela conta aqui devia pedir mais!"...
O único denominador comum foi que todas as pessoas que gastaram dinheiro neste lixo não deixaram donativo. Nem as moedas castanhas. Nem a moeda de 5 escudos guardada para estas ocasiões. Nada.
E já reparam como a senhora é uma versão muito mais nova da Maria Eliza?

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Hummm o ar hoje está mais limpo. Respira-se melhor.



(e que arda devagarinho, em lume brando, muito lentamente no inferno...)