segunda-feira, dezembro 18, 2006

Ando desde o princípio do mês a fazer voluntariado numa associação, a embrulhar presentes em troca de um donativo. Por acaso até é para a associação em que trabalho e os donativos são para os nossos magros salários.
Mas tem sido divertido. O atendimento ao público é das coisas mais fascinantes que existem, as pessoas que por lá passam, os comentários que fazem (e o dinheiro que deixam), fascinam-me. E por vezes também me cansam.
Estamos a embrulhar os livros numa livraria num centro comercial.
Para mim é o que melhor se aproxima do conceito de cusca: ver os livros que as pessoas compram para oferecer, as escolhas, o designar que este é para a Maria e aquele para o Manel.
O Sparks tem sido, de longe, o mais vendido. Também a fininha obra de Saramago vendeu-se bem no princípio do mês. Os codexs, as vidas privadas de senhoras da Corte, a santa vidinha dos papas e tudo o que seja teoria de conspiração relacionada com a igreja também tem tido muita saída. O livro do injustiçado, do coitadinho do PSL, também se vendeu bem na primeira semana, e por pouco me recusava a gastar papel e fita. Os contos de Sophia também saíram bem no princípio do mês.

Mas nada ou ninguém bate a Carolina (excepto talvez o ex-namorado), de cabelinho ensebado apanhado num rabo de cavalo, de cruz ao peito e sorriso pio. Em 6 horas contei 20 livros, só para oferecer, fora os que são para consumo próprio. Havia quem os comprasse aos pares "para embrulhar em separado e faça um laço bonito se faz favor". E as mulheres que entram aflitas na livraria e perguntam "tem o livro da Carolina?" como se não houvesse amanhã. Na primeira vez que me perguntaram pensei que fosse uma biografia da Carolina de Mónaco (aqui sim! esta é que seria a verdadeira história de tráfico de influências, drogas e orgias. Mas com muito mais charme!), depois habituei-me e limitava-me a apontar para a segunda pilha de livros à entrada. E os comentários, "já viste que até nem é muito caro? Para o que ela conta aqui devia pedir mais!"...
O único denominador comum foi que todas as pessoas que gastaram dinheiro neste lixo não deixaram donativo. Nem as moedas castanhas. Nem a moeda de 5 escudos guardada para estas ocasiões. Nada.
E já reparam como a senhora é uma versão muito mais nova da Maria Eliza?

1 Comments:

Blogger Marronco said...

E sabes que mais? Feliz Natal para ti!!!
:-)

7:16 da tarde  

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