Numa esplanada em Lisboa, janto com um amigo norte-americano. Falamos de diferenças culturais, da família, do Rushdie, dos namorados, dos planos para o futuro.
Inevitavelmente começamos a falar das eleições que se aproximam no seu país, da guerra no Iraque, do desemprego. Na probabilidade do Bush voltar a ganhar a presidência, ainda que não vença as eleições. E no desinteresse total da maioria da população norte-americana em relação a tudo o que se passa fora do seu quintal.
Conto-lhe a minha experiência no ano passado, o meu encontro de 3º grau com as gentes de Boisie, Ohio. E do descobrir, in loco, que a maioria dos norte-americanos que conheci não sabia nada de nada.
Vai daí ele decide confessar-me um episódio que se passou com a sua mãe. Quando ele vivia na Bulgária ligou à mãe a contar que tinha mudado de casa e que iria partilhá-la com um canadiano e uma inglesa. Ao que a mãe lhe perguntou, obviamente preocupada, 'e eles falam americano?'.
Pois... calei-me, engoli as ovas, empurrei-as com vinho e decidimos falar do tempo.