terça-feira, junho 13, 2006

Ai os Santos!
Na minha terra diz-se que não há festa sem cambado. Aqui não festa sem cambado e pancadaria.
Ontem saímos para celebrar o santo casamenteiro e o primeiro desfile de Santa Engrácia. Não vimos as marchas mas esperávamos um bom resultado, afinal depois de meses a ouvir os ensaios ao menos que se recebesse um premiozito de consolação!
Mas não, vi hoje no jornal que ficamos no fim da lista e que a rival Alfama lá arrecadou o primeiro lugar.

Mas Santa Engrácia é Santa Engrácia e o bairro é que importa!
Decidimos acabar a noite no Centro de Cultura Popular de Santa Engrácia, um recinto em cimento com nome pomposo e quatro animadores com o respectivo sintetizador. Corria bem, estava lá imensa gente, as bifanas e as sardinhas não estavam caras e a cerveja boa. Até que digo ao R., orgulhosa, 'já reparaste como isto é tão saudável? Toda a gente a dançar, sem bulhas nem bêbados.' e tunga! Nem dois minutos se passaram: o da camisola amarela lança um olhar desafiador ao da camisa verde, inclina-se sobre a mesa e a partir daí foi o caos. Terá durado cerca de meia-hora. No final ninguém sabia dizer o que tinha acontecido. Parece que era gente de fora... de Alfama...

Bem ao estilo de Kusturica, os músicos tocavam enquanto no recinto corriam pessoas, caíam outras, saltavam copos e mesas, enfim! um verdadeiro arraial no Centro de Cultura Popular. E íam cantando 'isto é uma festa, vamos a acalmar' com o sintetizador a acompanhar. Por fim lá desistiram e começaram a arrumar o equipamento. Desanimados.

Finalmente chegou o nosso corpo de intervenção, seis ou sete agentes de luvas pretas e muita pujança. Que ficou a olhar, a controlar.

E como não festa sem cambado, a arrepiar caminho entre os copos no chão, entrou por fim a comitiva: o nosso Presidente da Câmara acompanhado de imensos assessores e assessoras e quatro guarda-costas. Recebeu uma salva de palmas (pela coragem) e ainda tentaram convencer os artistas a voltar a tocar, mas não houve volta a dar-lhes. Limparam uma das mesas, mesmo ao lado de outra ainda com vestígios de sangue, serviram sardinhas, bifanas e sangria. Os guarda-costas revezavam-se e aos pares foram comer a merecida bifana.

As meninas da marcha vestiram novamente os fatitos azuis com ondas, cantaram para o senhor presidente e ainda houve dois casais que se atreveram a dar um pezinho de dança. Mas a festa tinha acabado. Eram quatro da manhã e decidimos ir embora.

Uma linda festa: com bofetada, estalada, pontapés e um cambado! Pró ano repetimos.

2 Comments:

Blogger Marronco said...

Mete-lhe um bolo do caco mais uma espetadinha e aí tens o arraial do Monte! :)
Festa é festa! E esta quer-se... rija!

9:52 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Qual é a sua terra? Li o adágio 'não há festa sem cambado', muito usado na Ilha da Madeira. Pensei que fosse um regionalismo de lá. Por acaso é de lá?

As duas gatas são lindíssimas. Adoro gatos mas actualmente só tenho um casal. Os meus têm sido atropelados, embora estes se vão conservando.
soaresdebarcelos@gmail.com

11:47 da manhã  

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