Gaffes e quimioterapia

Não me considero uma pessoa que dê muitas gaffes, que diga as coisas erradas no pior momento, mas quando estou para aí virada...
Há já algum tempo que queria escrever uns episódios gaffeiros e hoje, ao ler um post da Gotinha sobre coisas politicamente incorrectas, decidi finalmente contá-los.

Quando a minha irmã fez quimioterapia decidiram, ela e o namorado, aderir ao pente zero (e isso foi muito antes de se conhecer por cá o episódio do Sexo e a Cidade em que o namorado da Samantha decide rapar o cabelo num gesto de solidariedade para com a menina!). Nessa mesma altura fomos as duas de férias para Edimburgo e durante os preparativos da viagem, na minha azáfama de lhe agradar e tornar tudo tão simples quanto possível, disse-lhe para não se preocupar com as coisas de higiene. Eu levaria o creme de duche, a pasta dentífrica e que até tinha comprado recentemente um shampoo muito bom e caríssimo contra a queda de cabelo... não foi necessário resposta. Ela estava à minha frente, qual Sinead O'Connor, de crânio reluzente e sorriso cínico na cara. Agora dá-me vontade de rir, aposto que a ela também, mas naquele momento fiquei amarela e cinzenta e todas as cores doentes...

Há dois meses fui jantar com duas amigas aqui em Lisboa. Uma delas, uma senhora com sessenta anos teve que fazer quimioterapia e por consequência cortou o cabelo. Quando nos encontrámos estava com um penteado diferente, curto e ousado. A minha primeira reacção foi mandar-lhe o elogio 'que lindo corte, fica-lhe tão bem. Porque decidiu mudar de penteado?'. Assim que proferi estas simpáticas palavras senti o gongo gaffeiro na cabeça DOING!

Há ainda outra história com outra grande amiga, de cabelos e de quimioterapia, mas a gaffe foi de um mau gosto tão mau que ainda hoje não tenho coragem para a escrever...