Casmurrices

Diz o povo que os opostos se atraem. Eu cá acho que não. Aliás, parafraseando a Susaninha do Quino, 'povo! que horror!'. Pois, eu hoje estou muito Quinta do Lago e Gigis e Festas de Champagne... ai que já me dispersei!
O namorado-fabuloso-que-me-saíu-na-rifa fez anos esta semana. Muitos anos, mas menos que eu, porque está escrito algures que nunca irei namorar homens mais velhos. Quer dizer... já aconteceu (uma vez!) mas não correu lá muito bem e assim.
Então o namorado-fabuloso-do-bilhete-premiado fez anos este mês e quis também o destino que dois dias antes da data, tivesse havido um mal entendido e os nossos perfis romanos e perfeitos transformaram-se em trombas.
Ainda tentei compor as coisas, juro!, com uma voz suave, delico-doce, compreensiva e maternal q.b., mas em vão! O senhor não estava praí virado e casmurro como é, decidiu passar o aniversário sozinho.
Vai daí decidi consultar a minha lista das injustiças deste mundo e não é que logo a seguir às eleições norte-americanas e ao recente nomeado PM (vade retro), aparecia 'celebrações solitárias de aniversários'?!
Coloquei a racionalidade de lado, adiei uma reunião, desmarquei um jantar, tentei apanhar um Alfa que não existia e indo contra todos os meus princípios de deslocações superiores a 1 hora, saltei (literalmente) para dentro do último expresso para Coimbra.
Na mochila apenas uma muda de roupa, uma caixa de bolachas Carr's e uma garrafa de vinho húngaro.
Pelo caminho organizava o argumento, a fotografia e o guarda-roupa: preto e branco, Casablanca com laivos de Paciente Inglês, ela sozinha no cais de embarque com os sapatinhos japoneses imersos em beatas e ele a surgir da luz, andar de gazela e olhar enigmático... ele num bar manhoso acompanhado de uma loira platinada e trinta copos de shots... o expresso a despistar-se algures em Fátima e entre membros decepados e muito sangue eu deixaria a minha última mensagem de voz no Nokia...
Afinal foi melhor. Cheguei bem. Esperei mais de vinte minutos, porque ele decidiu dar um jeito à casa...
Gostei de saber que tinha tomado a decisão acertada.
Mas o melhor de tudo foi saber (e ver) que ele gostou muito. E nunca mais vai dizer-me 'poes sempre o teu trabalho á frente de tudo'. Porque já não é verdade.
E mais não conto, porque há coisas que não se contam. Haja decência...